- Daniel Buarque
A abertura do processo de
impeachment da presidente Dilma Rousseff é ruim para o Brasil, segundo uma
reportagem publicada pela revista “The Economist'', mas torna maior a chance de
ela ficar no poder até o fim do seu mandato. “Era exatamente do que o Brasil
precisava'', diz.
“Com um vasto escândalo de
corrupção em ação, uma economia em queda livre, finanças públicas em frangalhos
– e uma classe política que só pensa em si e não tem interesse em resolver nada
disso – o país agora foi servido de uma crise constitucional'', diz a revista.
Segundo a publicação, o debate
sobre a retirada de Dilma do poder vai atrapalhar a busca por soluções para os
problemas do país. “Infelizmente, o furor vai distrair a atenção já perdida dos
políticos brasileiros, que não focam em resolver os muitos problemas do
Brasil.''
O título da reportagem é “Os
desastres de Dilma'', e o texto trata da relação complicada dela com o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
“Cunha ressaltou em uma
entrevista coletiva que sua decisão era de natureza puramente técnica. Suas
consequências serão tudo menos isso'', diz. E complementa: “Apesar de ele
negar, poucos duvidam que os motivos de Cunha não sejam técnicos, mas políticos
– possivelmente até pessoais'', explica.
“Ironicamente, a decisão de Cunha
de abrir o impeachment pode ter tornado a sobrevivência de Dilma até 2018 mais
provável''
A “Economist'' critica as
políticas econômicas de Dilma, e a responsabiliza pela recessão vivida pelo
país – a pior em décadas.
Em meio ao processo de
impeachment, a publicação compara a presidente ao que aconteceu com Collor, que
também não tinha popularidade ou força para reagir ao processo contra ele.
Apesar disso, os dois são diferentes, diz. “Ao contrário dele, Dilma não foi
acusada de enriquecimento. E ela tem o apoio do PT, que não perdeu toda sua
força'', explica.
* Daniel Buarque é jornalista e escritor com mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute do King's College de Londres. É Nascido e formado no Recife, escreve regularmente para o UOL e já trabalhou como editor-executivo do portal Terra, repórter do G1 e da Folha de S. Paulo.
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